O Repositório de Materiais, criado pela arquitecta Cláudia Cardoso, surge como uma resposta ao desperdício produzido, através de uma plataforma para a salvaguarda e valorização de materiais e componentes que sobram da construção
Texto de Lusa • 01/02/2018 – 15:26
Um projecto que reutiliza materiais provenientes da construção e de obras de demolição, alguns do séculos XIX e XX, foi desenvolvido no Porto e encontra-se incubado no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade Porto (UPTEC). “Observa-se, na sociedade atual, uma cultura de desperdício, sendo o sector da construção um grande responsável na produção de resíduos”, disse a arquitecta Cláudia Cardoso, coordenadora do projecto Repositório de Materiais.
Segundo explicou à agência Lusa, este projecto surge como uma resposta ao desperdício produzido, através de uma plataforma para a salvaguarda e valorização de materiais e componentes que sobram da construção ou provenientes de obras de demolição e reabilitação, que tenham potencial de reutilização. Essa plataforma, continuou, procura reunir e centralizar as relações entre as várias entidades que possuem estes materiais e quem as procura
Além disso, pretende promover a dinamização e a criação de novos locais dedicados ao depósito de materiais, mediante um mapeamento online de armazéns, criando assim uma rede de repositórios, da qual podem fazer parte municípios e empresas de construção e demolição.
Estão disponíveis na plataforma materiais provenientes de encerramento de vãos (portas, portadas, janelas e bandeiras de madeira maciça), estruturais e acabamento (materiais pétreos e clarabóias), e ferragens e acessórios (gradeamentos, balaústres, fechaduras, dobradiças, maçanetas, aldrabas, puxadores e torneiras).
Equipamentos como bancadas de pedra e sanitários, revestimento exterior e impermeabilização (azulejos, soletas de ardósia, telhas e vidro), bem como revestimento interior (soalho e mosaicos) e elementos decorativos, são outros exemplos. Segundo a coordenadora, as vantagens do aproveitamento destes materiais, alguns do século XIX e início do século XX, então associadas a mais-valias económicas e patrimoniais e ao facto de serem materiais que se encontram estabilizados, com eficácia provada pelo uso passado, permitindo, assim, reduzir futuras acções de manutenção.
“É também uma forma de contribuir para o ambiente, evitando desperdícios na construção e a formação de aterros”, e para a redução “do gasto energético na transformação e na produção de novos materiais, permitindo uma poupança de recursos naturais e de energia no processamento e reciclagem de materiais”, salientou.
Os armazéns parceiros deste projecto, que é direccionado para arquitectos, decoradores, designers de interiores, empresas de construção e demolição e municípios, estão localizados na zona norte de país e em Lisboa, contudo, a equipa pretende alargar este serviço para todo o território nacional. De acordo com Cláudia Cardoso, esta plataforma, pioneira e com carácter profissional, pretende abranger uma grande variedade de categorias de materiais, sistematizando as características principais de cada artigo catalogado.